domingo, 31 de julho de 2011

A falta dos grandes predadores


Diminuição de animais no topo
da cadeia alimentar, por conta
da ação humana, tem efeitos
ecológicos drásticos, indica
estudo internacional publicado
na Science
 O acentuado declínio nas populações dos grandes predadores não é apenas uma notícia triste para quem admira animais como leões, tigres, lobos e tubarões. De acordo com estudo publicado na revista Science, a perda de espécies no topo da cadeia alimentar pode representar um dos maiores impactos da ação humana nos ecossistemas terrestres.

Segundo James Estes, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade da Califórnia, e colegas, a diminuição é muito maior do que se estimava e afeta muitos outros processos ecológicos em um efeito que os cientistas chamam de cascata trófica, no qual a perda no topo da cadeia alimentar impacta enormemente muitas outras espécies de animais e de plantas.

Os autores do estudo afirmam que o resultado desse declínio é tão intenso que tem afetado os mais variados aspectos do ecossistema global, como o clima, a perda de hábitats, poluição, sequestro de carbono, espécies invasoras e até mesmo a propagação de doenças.

O estudo aponta que a perda desses grandes animais é a força motriz por trás da sexta extinção em massa na história do planeta. “Temos agora evidências extensivas de que os grandes predadores são altamente importantes na função da natureza, dos oceanos mais profundos às montanhas mais altas, dos trópicos ao Ártico”, disse William Ripple, da Universidade Estadual do Oregon, autor do estudo.

“De modo geral, o colapso dos ecossistemas atingiu um ponto em que isso não afeta apenas animais como lobos, o desflorestamento, o solo e a água. Esses predadores, em última análise, protegem os homens. Isso não é apenas algo sobre eles, mas sobre nós”, disse.

Entre os dados expostos no artigo está o efeito do declínio de lobos no Parque Nacional Yellowstone, nos Estados Unidos. Quando esses animais foram sendo removidos, a população de alces se alterou imediatamente. Mas também mudou o comportamento desse cervídeo, que passou a se alimentar de plantas em locais em que antes não ia porque podia ser atacado por um lobo.

Sem os lobos, pequenas árvores da família Salicaceae e gramíneas passaram a crescer menos, o que resultou na queda de alimentos para os castores, com resultante diminuição na população desses últimos. O resultado foi a cascata trófica. Com a reintrodução de lobos no parque, passou a ocorrer a recuperação do ecossistema, com as plantas voltando a crescer mais, assim como as populações de outros animais.

Outro destaque do estudo é a redução na população de grandes felinos no Utah, que levou ao aumento na população de cervídeos, à perda na vegetação, à alteração no fluxo de canais de água e ao declínio da biodiversidade.

Por muito tempo os grandes predadores foram vistos no topo da pirâmide trófica e sem terem grande influência nas espécies e na estrutura abaixo. Isso, segundo os autores do estudo, é uma compreensão fundamentalmente equivocada da ecologia.

Fonte: Agência FAPESP

Mudanças na alimentação poderiam evitar alguns dos cânceres mais comuns no país

A pesquisa divulgada nesta quinta-feira (28) pelo IBGE revelou que os brasileiros ingerem menos de um terço dos alimentos que podem prevenir o câncer. De acordo com os dados do estudo, a ingestão diária de frutas, verduras e legumes é de 126,4 g, quando o ideal recomendado para prevenir o câncer seria de no mínimo 400 g.

O Fundo Mundial para Pesquisa Contra o Câncer e o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimam que se a população brasileira passasse a consumir diariamente esses 400 g, um em cada três casos de câncer de cavidade oral (boca, faringe e laringe) e de pulmão, assim como um em cada quatro casos de câncer de estômago poderiam ser evitados.

Conforme o nutricionista do Inca, Fábio Gomes, outra preocupação é o excesso no consumo de carne vermelha pelos brasileiros, que é de 523 g por semana.

“De acordo com as informações de consumo alimentar indivudual, 7% dos casos de câncer de cólon e reto poderiam ser evitados se a média de consumo fosse menor”, explica.

Estudos do Inca revelam ainda que as carnes (incluindo peixes e aves) salgadas e processadas (cujo consumo é de 100 g por semana) também precisam ser evitadas para prevenir o surgimento do câncer de estômago, reto e cólon, que estão entre os cinco mais incidentes na população.

A combinação de alimentação saudável e atividade física pode, segundo o relatório de políticas e ações para a prevenção do câncer no Brasil, prevenir 63% dos casos de câncer de boca, faringe e laringe, 60% dos tumores de esôfago e 52% dos casos no endométrio.

O alto teor calórico em alimentos como biscoitos e a ingestão em demasia de bebidas açucaradas, como refrigerantes e refrescos artificiais, estão diretamente ligados ao ganho de peso e propensão à obesidade, que, por sua vez aumentam o risco dos cânceres de esôfago (23%), pâncreas (18%), vesícula biliar (10%), cólon e reto (5%), mama (14%), endométrio (29%) e rim (13%).

Redução de gastos na saúde – Segundo o diretor-geral do INCA Luiz Antonio Santini, hábitos alimentares saudáveis somados à atividade física regular e peso corporal adequado poupariam, no mínimo, R$ 84.210.688 em gastos do SUS, no ano de 2010.

Estimativas do INCA indicam que só até o final de 2011, quase meio milhão de pessoas vão receber o diagnóstico de câncer no Brasil. Desse total, as mulheres estão no topo do ranking, com cerca de 253 mil casos (52%), contra os 236 mil casos estimados para os homens.

 (Fonte: Zero Hora/RS)

sábado, 16 de julho de 2011

Ciência sob encomenda baseou alterações no Código Florestal

A reforma do Código Florestal aprovada pela Câmara dos Deputados utilizou como inspiração e base científica apenas um estudo, com conclusões duvidosas e erradas e ainda não devidamente publicado. A afirmação foi feita pelo agrônomo Antonio Donato Nobre, em sua conferência Novas Geotecnologias no Ordenamento   Territorial, dada nesta sexta-feira, durante a 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada durante esta semana em Goiânia e que acaba hoje. Ele se refere a um trabalho de 2008, de Evaristo de Miranda, pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, que afirma que apenas 29% das terras agricultáveis do Brasil estão disponíveis para as lavouras.

Para Nobre, o que Miranda fez foi ciência "a soldo, sob encomenda". Apesar disso e das inconsistências das conclusões dele, elas "foram avidamente apropriadas por poderosos interesses políticos e econômicos". "Na esteira dessa apropriação, e substanciado pelo julgamento de valor emitido pelo estudo, formou-se ampla frente política para alteração do Código Florestal", criticou Nobre, que é pesquisador dos institutos nacionais de pesquisas Espaciais (Inpe) e da Amazônia (Inpa). "O estudo, em essência, estimulou a percepção das forças políticas sobre uma [falsa] realidade de que não existiriam terras disponíveis para expansão da atividade agrícola."

Em suas críticas, ele não está falando por falar. Nobre se baseia num estudo próprio que realizou, intitulado Zonas ripárias e o código florestal - Usando Geotecnologias na definição de APPs, que deverá ser publicado em breve. Para isso ele mapeou 308.200 quilômetros quadrados, subdivididas em áreas menores nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. Nobre empregou nesse trabalho uma nova tecnologia chamada de hidrografia de alta resolução, que usa imagens de diferentes tipos de radares e modelagem matemática para produzir mapas em 3D. Depois, ele usou as determinações para as matas ciliares (ripárias) do código florestal vigente, do substitutivo do deputado Aldo Rebelo, aprovado na Câmara, e os dados de Miranda e comparou os três.

Os resultados mostraram, que se forem obedecidas as normas do atual código florestal, as matas ciliares protegidas ocupam apenas 6,87% das terras do Brasil. Pela proposta aprovada na Câmara, esse índice é de somente 4,72%, enquanto no estudo de Miranda chegam 21,26%. "APP (área de proteção permanente) ripária computada emulando método de Miranda é 309% super-estimada em relação à APP utilizando hidrografia em alta resolução", revelou. "Não se justifica portanto dizer que o código florestal vigente protege áreas ripárias demais. Se Miranda inflacionou as APPs ripárias desta forma, como confiar em seus outros números?"

As críticas de Nobre ao trabalho do pesquisador da Embrapa não param aí. De acordo com ele, o estudo de Miranda passou uma noção não-quantitativa [e também falsa] de que as APPs estariam genericamente tomadas por atividades agrícolas altamente produtivas. "Como até hoje a evolução do substitutivo Aldo Rebelo não contou com um aporte qualificado e sério de ciência, essas falsas premissas científicas ainda instruem o processo legislativo", disse.

Nobre fez mais que um estudo próprio. Ele realizou uma avaliação científica do estudo de Miranda semelhante àquela, feita por pares, a qual são submetidos todos os trabalhos científicos antes da sua publicação. Por esse critério, trata-se, segundo Nobre, "de um estudo pioneiro em abrangência, aparentemente extenso e complexo, mas com aspectos críticos da metodologia inexplicavelmente omitidos, o que tem dificultado ou impedido a reprodução independente das análises feitas".

Além disso, para Nobre, é um trabalho pretensamente científico, "mas que saiu diretamente do laboratório para a imprensa e para os círculos de lobby político". "Dois anos e meio anos depois de seu anúncio, o estudo ainda não foi publicado em revista científica com corpo editorial na sua área de concentração (geociências)", lembrou. "Apesar das graves limitações metodológicas, admitidas em parte no próprio estudo, as conclusões são apresentadas com julgamento de valor e engajamento ideológico, contrariando as melhores práticas científicas de neutralidade objetiva."

Para piorar a situação, Nobre diz que os parlamentares são impermeáveis às informações corretas e à boa ciência. "A SBPC e ABC (Academia Brasileira de Ciência) apresentaram uma revisão criteriosa de centenas de estudos científicos publicados, mas o Congresso ainda os ignora", reclamou. "Enquanto isso, o estudo de Miranda, esse tipo de factóide científico, gerado pela informação incompleta, inacurada e pelas generalizações temerárias feitas, foi amplamente utilizado para justificar várias alterações propostas no Código Florestal."

Por Evanildo da Silveira - Assessoria de Imprensa da SBPC
Fonte: (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Oceanos afetados pelo clima


Aquecimento promovido pelas mudanças
climáticas reduz a quantidade de carbono
absorvida pelos oceanos, aponta estudo

Os oceanos têm papel fundamental no cenário global de mudanças climáticas. São responsáveis por consumir cerca de um terço de todas as emissões de carbono promovidas pela ação humana, reduzindo o dióxido de carbono atmosférico que está associado ao aquecimento do planeta.

Mas por quanto tempo os oceanos continuarão a sequestrar o carbono antrópico nos níveis atuais é uma grande incógnita.

Estudos feitos chegaram a resultados conflitantes sobre em que níveis as alterações no clima afetam esse sequestro.

Uma nova pesquisa, cujos resultados foram publicados neste domingo na revista Nature Geoscience, fornece evidências observacionais para concluir que as mudanças climáticas estão afetando negativamente a absorção de carbono pelos oceanos.

“A conclusão é que os oceanos estão consumindo menos carbono justamente por causa do aquecimento promovido pelo próprio carbono na atmosfera”, disse Galen McKinley, da Universidade de Wisconsin-Madison, um dos autores do artigo.

O novo estudo difere de anteriores pela extensão de dados tanto em relação ao espaço como ao tempo. Os pesquisadores não se limitaram a determinadas áreas e extrapolaram os resultados para regiões maiores, mas utilizaram dados da maior parte do Atlântico Norte e do período de 1981 a 2009.

Com a grande amostragem, os cientistas identificaram um elevado grau de variações naturais que frequentemente mascara padrões de mudanças a longo prazo, o que pode explicar por que estudos anteriores apresentaram resultados contrários.

“Como os oceanos variam muito, precisamos de dados de pelo menos 25 anos para realmente identificar os efeitos do acúmulo de carbono na atmosfera. Essa é uma questão muito importante: o que é variação natural e o que é mudança climática”, disse McKinley.

Nas últimas três décadas, o aumento no dióxido de carbono atmosférico tem sido largamente equilibrado pelo aumento correspondente no dióxido de carbono dissolvido na água do mar.

Mas o novo estudo mostra que as temperaturas mais elevadas estão diminuindo a absorção de carbono em uma grande área no Atlântico Norte subtropical. A água mais quente não é capaz de manter tanto dióxido de carbono como a mais fria.

Os pesquisadores destacam a importância de se ampliar os dados para utilização em novos estudos e a expansão da análise para outros oceanos.

O artigo Convergence of atmospheric and North Atlantic carbon dioxide trends on multidecadal timescales (doi: 10.1038/ngeo1193), de Galen McKinley, pode ser lido por assinantes da Nature Geoscience em www.nature.com/ngeo.

Fonte: Agência Fapesp

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Cientistas debatem no Senado o novo Código Florestal

Brasília - Pesquisadores de instituições como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) participaram hoje (5) de debate no Senado sobre o projeto de lei do novo Código Florestal aprovado pela Câmara dos Deputados. A reunião contou com a participação de senadores das comissões de Meio Ambiente e de Agricultura, onde o texto está em análise, antes de seguir para o plenário do Senado.

Para o professor Pedro Aleixo, da SBPC, os senadores “são responsáveis por encontrar um ponto de equilíbrio” na proposta analisada pelo Congresso. Acrescentou que chegou o momento de um acordo que não prejudique a expansão agrícola do país nem, tampouco, a preservação dos biomas brasileiros. “Não adianta para o país uma solução em que uma parte vai ganhar. Chegou a hora de um acordo”. Neste sentido, ele ressaltou que o trabalho da comunidade científica será sempre a busca desse ponto de equilíbrio nas discussões com os senadores.

O representante da Embrapa, Celso Manzato, disse que não há conflito entre a preservação das áreas de proteção permanente (APP) e a necessidade de crescimento da produção agrícola no país. Ele defende que a preservação das matas em propriedades privadas garante a manutenção de aquíferos, controla pragas e assegura o desenvolvimento sustentável da própria agricultura. “A preservação dessas áreas em terras que não tem potencial para o plantio contribui para a polinização das plantas e o controle de pragas, que é um problema que já nos preocupa e está em estudo”.

Para o pesquisador, a preservação das matas está diretamente ligada ao maciço investimento público para “reconfigurar o espaço produtivo do país”. Ele destacou que será necessário aplicar recursos em pesquisas que possam melhorar o potencial da pecuária intensiva, sem a necessidade de ampliação das áreas de pastagem, por exemplo.

Já o pesquisador da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Elíbio Rech Filho propôs aos senadores que seja montada uma “força-tarefa” com o objetivo de fornecer as informações necessárias aos senadores durante o processo de análise do novo código. Para ele, não faz sentido pensar em uma proposta que exclua dos debates as pessoas que vivem no campo, sejam agricultores de larga escala ou que dependem da terra para sobreviver. A lógica que deve nortear a discussão, segundo ele, é a que agrega crescimento econômico, inclusão social, preservação ambiental e desenvolvimento humano.

(Agencia Brasil:Marcos Chagas)

Fonte: Agência Brasil
J O G O S
Excell Jogo