domingo, 22 de julho de 2012
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Água de 15 capitais tem sinal de contaminação
Pesquisas anteriores já haviam encontrado hormônios como estrona, progesterona e estradiol na água brasileira. Alguns cientistas sugerem que o consumo dessas substâncias está ligado à infertilidade masculina e ao fato de as meninas menstruarem cada vez mais cedo.
NOVA LEGISLAÇÃO
NOVA LEGISLAÇÃO
Os métodos para retirar a maioria desses poluidores emergentes da água já existem. Os mais conhecidos são chamados de processos oxidativos avançados, que usam substâncias químicas como a água oxigenada e o ozônio para fragmentar esses compostos em pequenas moléculas inorgânicas. No entanto, para que as estações de tratamento sejam obrigadas a usar esses métodos, é necessário que esses poluentes emergentes passem a ser regulados no país.
No Brasil, os critérios de potabilidade da água são estipulados pela portaria 2.914 do Ministério da Saúde, publicada no ano passado. A regulação, que é atualizada a cada 5 anos, estabelece diversas normas que as empresas distribuidoras de água têm de seguir, como padrões de acidez e radioatividade. Além disso, define quantidades limites de algumas substâncias, desde bactérias, como os coliformes fecais, até químicos inorgânicos como o cobre, o chumbo e o mercúrio.
Na última atualização da lei, cientistas chamaram atenção para a necessidade de controlar alguns dos poluentes emergentes. "Os pesquisadores sempre insistem para que a portaria traga novos parâmetros, enquanto as distribuidoras de água puxam para o outro lado", diz a engenheira Cassilda Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES). A portaria acabou ficando no meio do caminho: o Ministério considerou que são necessários mais estudos antes que se possam apontar quantidades limites dessas substâncias.
NO INÍCIO
No Brasil, os critérios de potabilidade da água são estipulados pela portaria 2.914 do Ministério da Saúde, publicada no ano passado. A regulação, que é atualizada a cada 5 anos, estabelece diversas normas que as empresas distribuidoras de água têm de seguir, como padrões de acidez e radioatividade. Além disso, define quantidades limites de algumas substâncias, desde bactérias, como os coliformes fecais, até químicos inorgânicos como o cobre, o chumbo e o mercúrio.
Na última atualização da lei, cientistas chamaram atenção para a necessidade de controlar alguns dos poluentes emergentes. "Os pesquisadores sempre insistem para que a portaria traga novos parâmetros, enquanto as distribuidoras de água puxam para o outro lado", diz a engenheira Cassilda Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES). A portaria acabou ficando no meio do caminho: o Ministério considerou que são necessários mais estudos antes que se possam apontar quantidades limites dessas substâncias.
NO INÍCIO
Na Europa e nos EUA, a discussão está mais avançada. No começo do ano, a Federação Europeia das Associações Nacionais de Serviços de Água e Esgoto passou a regular a quantidade de alguns produtos farmacêuticos na água, como o hormônio etinilestradiol e o antiinflamatório diclofenaco, e defendeu novos estudos para estabelecer os limites de outras substâncias. Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental também deu início a pesquisas para estipular limites legais para esses poluentes. "No Brasil, a discussão ainda está no início", diz Marco Grassi, pesquisador da UFPR.
De fato, o Ministério da Saúde está começando a atentar para a questão dos poluentes emergentes. Segundo Daniela Buosi, coordenadora-geral de Vigilância e Saúde Ambiental, no ano passado a pasta lançou editais para que pesquisadores estudem melhor substâncias que ficaram de fora da portaria anterior, entre elas alguns poluentes emergentes. "Conforme o resultado, a portaria pode ser mudada a qualquer momento", diz.
Os pesquisadores do INCTAA também anunciaram que começarão uma segunda fase do estudo, em que vão analisar a água distribuída em mais capitais. Com o avanço das pesquisas, pode ser que a água potável de hoje seja considerada água suja amanhã.
CONTAMINANTES EMERGENTES ENCONTRADOS NA ÁGUA
De fato, o Ministério da Saúde está começando a atentar para a questão dos poluentes emergentes. Segundo Daniela Buosi, coordenadora-geral de Vigilância e Saúde Ambiental, no ano passado a pasta lançou editais para que pesquisadores estudem melhor substâncias que ficaram de fora da portaria anterior, entre elas alguns poluentes emergentes. "Conforme o resultado, a portaria pode ser mudada a qualquer momento", diz.
Os pesquisadores do INCTAA também anunciaram que começarão uma segunda fase do estudo, em que vão analisar a água distribuída em mais capitais. Com o avanço das pesquisas, pode ser que a água potável de hoje seja considerada água suja amanhã.
CONTAMINANTES EMERGENTES ENCONTRADOS NA ÁGUA
Triclosan Antisséptico presente em produtos de higiene
Possíveis riscos: Suspeita-se que o triclosan atrapalhe o funcionamento do sistema endócrino, ao alterar o metabolismo dos hormônios da tireoide. Também pode estar ligada ao surgimento de alergias.
Fenolftaleína
Indicador de acidez, usado também como laxante
Possíveis riscos: No Brasil seu uso como medicamento foi proibido pela Anvisa, pois suspeita-se que seja cancerígeno.
Atrasina Herbicida usado em lavouras brasileiras.
Possíveis riscos: Um estudo de 2010 mostrou sua ligação com a mudança de sexo em rãs. Além disso, é conhecida por alterar o sistema endócrino e pesquisas mostraram sua ligação com o baixo nível de esperma em homens.
Possíveis riscos: Suspeita-se que o triclosan atrapalhe o funcionamento do sistema endócrino, ao alterar o metabolismo dos hormônios da tireoide. Também pode estar ligada ao surgimento de alergias.
Fenolftaleína
Indicador de acidez, usado também como laxante
Possíveis riscos: No Brasil seu uso como medicamento foi proibido pela Anvisa, pois suspeita-se que seja cancerígeno.
Atrasina Herbicida usado em lavouras brasileiras.
Possíveis riscos: Um estudo de 2010 mostrou sua ligação com a mudança de sexo em rãs. Além disso, é conhecida por alterar o sistema endócrino e pesquisas mostraram sua ligação com o baixo nível de esperma em homens.
fonte: www.planetasustentavel.abril.com.br
terça-feira, 3 de julho de 2012
O rio da minha cidade
Peixes mortos na barragem do Ribeirão Lindóia (foto:Roberto Custódio / Jornal de Londrina) |
Estamos na cidade de São Paulo, em 1925. A menina Maria tinha 10 anos de idade quando caiu doente, com pneumonia dupla. Depois de meses convalescendo, o pai, preocupado, achou por bem que Maria deveria aprender a nadar. Dessa forma, seus pulmões ficariam mais fortes. "Meu pai me levou para o rio Tietê. Ele prendia meu maiô num anzol, ficava segurando a vara com uma corda do lado de fora do rio e dizia como eu devia fazer, enquanto desajeitadamente eu batia pernas e braços e bebia muita água", lembrou Maria. "Pois é, o Tietê tinha águas transparentes, era uma delícia no verão. Clubes surgiram nas margens do rio. O meu era o Clube Tietê, que tinha uma área delimitada no rio para as crianças darem suas primeiras braçadas."
A menina Maria morreu em 2007, aos 92 anos, pouco tempo depois de conceder esta entrevista à revista Aventuras na História. Com ela, levou o título de ter sido Maria Lenk, uma das maiores nadadoras do mundo: quebrou recordes, foi a primeira brasileira a disputar (e a vencer) provas internacionais. E tudo começou justo no rio Tietê, que, ao lado do rio Pinheiros, corta a capital paulista - e atualmente possui águas terrivelmente poluídas. Não dá mais nem para chegar perto, imagine nadar ali.
Desde que as indústrias se instalaram na capital paulista e passaram a depositar seus dejetos nos rios, o Pinheiros e o Tietê foram abandonados por moradores (e nadadores), tornando-se um símbolo da sujeira e da degradação. A cidade perdeu de vez, em 1963, os maiores parques aquáticos de que se tem notícia, quando o Tietê sediou sua última competição de remo. "Já a natação foi proibida cerca de 20 anos antes, quando atletas passaram a contrair tifo e doenças típicas da sujeira", lembra o ex-remador do Tietê Jorge Vidal, que, entre uma braçada e outra, conta que conheceu ali aquela que viria a se tornar sua esposa. "Quem diria, hoje mal conseguimos olhar para esse mesmo rio."
Mudaram o curso do Tietê, assim como ele e outros rios já mudaram o rumo da vida de muita gente. Como dizia o escritor Euclides da Cunha, o rio é a estrada para toda a vida. O artista visual Arthur Omar passou a ter outra visão de mundo depois que caiu acidentalmente no rio Amazonas e quase morreu afogado. "Acredito que estou lá até hoje, uma pequena parte, vivendo uma vida própria, num rio particular. O rio é meu. Eu defendo esse rio, não porque ele seja um patrimônio da humanidade ou porque esteja ameaçado pela cobiça internacional, mas porque ele me pertence. Ele é totalmente meu porque quando estive nele aprendi a não querer ter absolutamente nada", relata. "O fluxo não sou eu. Eu é que entro no fluxo."
Em São Paulo, os rios procuram um dono. Numa tentativa de reconciliá-los com a cidade, foi inaugurada, recentemente, uma ciclovia de 14 quilômetros que percorre parte da marginal do rio Pinheiros. Mas as águas que estão ao lado de quem pedala continuam um esgoto a céu aberto - tanto que o cheiro insuportável muitas vezes inviabiliza o passeio. Uma pesquisa recente apontou que a poluição no Tietê, por exemplo, está pior do que há 18 anos.
Os rios são marcos nas fundações das cidades. Eles trazem a água, os peixes, os alimentos, portanto, a vida. Por isso, as aglomerações humanas partem deles. Sabe-se que o desenvolvimento da agricultura irrigada nas planícies dos grandes rios foi fator econômico decisivo na fundação das primeiras cidades, nos vales dos rios Nilo (Egito), Tigre e Eufrates (Mesopotâmia) e Indo (Índia). Todos eles sofrem atualmente com a poluição, mas nenhum chegou ao ponto do Tietê.
A menina Maria morreu em 2007, aos 92 anos, pouco tempo depois de conceder esta entrevista à revista Aventuras na História. Com ela, levou o título de ter sido Maria Lenk, uma das maiores nadadoras do mundo: quebrou recordes, foi a primeira brasileira a disputar (e a vencer) provas internacionais. E tudo começou justo no rio Tietê, que, ao lado do rio Pinheiros, corta a capital paulista - e atualmente possui águas terrivelmente poluídas. Não dá mais nem para chegar perto, imagine nadar ali.
Desde que as indústrias se instalaram na capital paulista e passaram a depositar seus dejetos nos rios, o Pinheiros e o Tietê foram abandonados por moradores (e nadadores), tornando-se um símbolo da sujeira e da degradação. A cidade perdeu de vez, em 1963, os maiores parques aquáticos de que se tem notícia, quando o Tietê sediou sua última competição de remo. "Já a natação foi proibida cerca de 20 anos antes, quando atletas passaram a contrair tifo e doenças típicas da sujeira", lembra o ex-remador do Tietê Jorge Vidal, que, entre uma braçada e outra, conta que conheceu ali aquela que viria a se tornar sua esposa. "Quem diria, hoje mal conseguimos olhar para esse mesmo rio."
Mudaram o curso do Tietê, assim como ele e outros rios já mudaram o rumo da vida de muita gente. Como dizia o escritor Euclides da Cunha, o rio é a estrada para toda a vida. O artista visual Arthur Omar passou a ter outra visão de mundo depois que caiu acidentalmente no rio Amazonas e quase morreu afogado. "Acredito que estou lá até hoje, uma pequena parte, vivendo uma vida própria, num rio particular. O rio é meu. Eu defendo esse rio, não porque ele seja um patrimônio da humanidade ou porque esteja ameaçado pela cobiça internacional, mas porque ele me pertence. Ele é totalmente meu porque quando estive nele aprendi a não querer ter absolutamente nada", relata. "O fluxo não sou eu. Eu é que entro no fluxo."
Em São Paulo, os rios procuram um dono. Numa tentativa de reconciliá-los com a cidade, foi inaugurada, recentemente, uma ciclovia de 14 quilômetros que percorre parte da marginal do rio Pinheiros. Mas as águas que estão ao lado de quem pedala continuam um esgoto a céu aberto - tanto que o cheiro insuportável muitas vezes inviabiliza o passeio. Uma pesquisa recente apontou que a poluição no Tietê, por exemplo, está pior do que há 18 anos.
Os rios são marcos nas fundações das cidades. Eles trazem a água, os peixes, os alimentos, portanto, a vida. Por isso, as aglomerações humanas partem deles. Sabe-se que o desenvolvimento da agricultura irrigada nas planícies dos grandes rios foi fator econômico decisivo na fundação das primeiras cidades, nos vales dos rios Nilo (Egito), Tigre e Eufrates (Mesopotâmia) e Indo (Índia). Todos eles sofrem atualmente com a poluição, mas nenhum chegou ao ponto do Tietê.
Fonte www.planetasustentavel.abril.com.br
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