quinta-feira, 5 de julho de 2012

Água de 15 capitais tem sinal de contaminação

Pesquisas anteriores já haviam encontrado hormônios como estrona, progesterona e estradiol na água brasileira. Alguns cientistas sugerem que o consumo dessas substâncias está ligado à infertilidade masculina e ao fato de as meninas menstruarem cada vez mais cedo.

NOVA LEGISLAÇÃO
Os métodos para retirar a maioria desses poluidores emergentes da água já existem. Os mais conhecidos são chamados de processos oxidativos avançados, que usam substâncias químicas como a água oxigenada e o ozônio para fragmentar esses compostos em pequenas moléculas inorgânicas. No entanto, para que as estações de tratamento sejam obrigadas a usar esses métodos, é necessário que esses poluentes emergentes passem a ser regulados no país.

No Brasil, os critérios de potabilidade da água são estipulados pela portaria 2.914 do Ministério da Saúde, publicada no ano passado. A regulação, que é atualizada a cada 5 anos, estabelece diversas normas que as empresas distribuidoras de água têm de seguir, como padrões de acidez e radioatividade. Além disso, define quantidades limites de algumas substâncias, desde bactérias, como os coliformes fecais, até químicos inorgânicos como o cobre, o chumbo e o mercúrio.

Na última atualização da lei, cientistas chamaram atenção para a necessidade de controlar alguns dos poluentes emergentes. "Os pesquisadores sempre insistem para que a portaria traga novos parâmetros, enquanto as distribuidoras de água puxam para o outro lado", diz a engenheira Cassilda Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES). A portaria acabou ficando no meio do caminho: o Ministério considerou que são necessários mais estudos antes que se possam apontar quantidades limites dessas substâncias.

NO INÍCIO
Na Europa e nos EUA, a discussão está mais avançada. No começo do ano, a Federação Europeia das Associações Nacionais de Serviços de Água e Esgoto passou a regular a quantidade de alguns produtos farmacêuticos na água, como o hormônio etinilestradiol e o antiinflamatório diclofenaco, e defendeu novos estudos para estabelecer os limites de outras substâncias. Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental também deu início a pesquisas para estipular limites legais para esses poluentes. "No Brasil, a discussão ainda está no início", diz Marco Grassi, pesquisador da UFPR.

De fato, o Ministério da Saúde está começando a atentar para a questão dos poluentes emergentes. Segundo Daniela Buosi, coordenadora-geral de Vigilância e Saúde Ambiental, no ano passado a pasta lançou editais para que pesquisadores estudem melhor substâncias que ficaram de fora da portaria anterior, entre elas alguns poluentes emergentes. "Conforme o resultado, a portaria pode ser mudada a qualquer momento", diz.

Os pesquisadores do INCTAA também anunciaram que começarão uma segunda fase do estudo, em que vão analisar a água distribuída em mais capitais. Com o avanço das pesquisas, pode ser que a água potável de hoje seja considerada água suja amanhã.

CONTAMINANTES EMERGENTES ENCONTRADOS NA ÁGUA 
Triclosan Antisséptico presente em produtos de higiene
Possíveis riscos: Suspeita-se que o triclosan atrapalhe o funcionamento do sistema endócrino, ao alterar o metabolismo dos hormônios da tireoide. Também pode estar ligada ao surgimento de alergias.

Fenolftaleína
Indicador de acidez, usado também como laxante
Possíveis riscos: No Brasil seu uso como medicamento foi proibido pela Anvisa, pois suspeita-se que seja cancerígeno.

Atrasina Herbicida usado em lavouras brasileiras.
Possíveis riscos: Um estudo de 2010 mostrou sua ligação com a mudança de sexo em rãs. Além disso, é conhecida por alterar o sistema endócrino e pesquisas mostraram sua ligação com o baixo nível de esperma em homens.

fonte: www.planetasustentavel.abril.com.br

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